Transmutation News Setembro de 2014
Quero começar por partilhar a maravilhosa experiência da nossa cerimónia Criar uma Teia Humana de Vida na Super Lua de Agosto. Foi, realmente, um sentimento amoroso juntarmo-nos à luz do nosso círculo.
Penso que já todos passámos pela experiência de receber do Universo o mesmo sinal, repetidas vezes, sobre algo que precisamos de refletir. Sinto que passei por um desses períodos recentemente.
Tal como tenho vindo a partilhar, escrevi um novo livro que está a ser publicado pela Sounds True. Chama-se Walking in Light: The Everyday Empowerment of Shamanic Life (ainda sem tradução em português). A edição está agendada para 1 de Fevereiro.
Quando se escreve um livro, passa-se por diferentes fases no processo de edição. Em Agosto, estava na fase final. Significa que, quando entrei na edição final, não pude fazer nenhumas alterações. O livro está, agora, a ser preparado para impressão.
Li e reli o livro inúmeras vezes para ter a certeza que não havia mais nada que quisesse acrescentar, mudar ou apagar.
Um dos capítulos que escrevi inclui uma secção sobre iniciação, na qual levanto algumas questões que permanecem na minha mente. São questões sobre as quais me continuo a sentar para pensar. Às vezes podemos ter concluído determinado trabalho, mas o trabalho ainda não se fechou dentro de nós. Completei este capítulo o melhor que pude, mas o trabalho não ficou feito comigo. Ele mantém-se a trabalhar e a instalar-se em mim profundamente.
Em Junho, Tami Simon (o proprietário da Sounds True) entrevistou-me para uma antologia sobre a depressão. O livro será publicado no início de Abril.
O meu editor enviou-me, em Agosto, a entrevista transcrita e editada para rever, uns dias depois de eu ter enviado Walking in Light para o departamento.
Na minha entrevista, refiro-me ao entendimento xamânico da depressão como uma iniciação ou rito de passagem. Também escrevi sobre a minha própria experiência de vida a lidar com a depressão.
A entrevista inicial teve de ser reduzida para caber num pequeno capítulo da antologia, mas na sua forma sucinta falo bastante sobre a iniciação xamânica e como esta se relaciona com a depressão.
Depois, tristemente, Robin Williams suicidou-se. Escrevi um pequeno post no facebook sobre a depressão como iniciação e um pouco sobre a minha própria experiência de vida, navegando nas ondas da depressão.
Por isso, o tema da iniciação está realmente a aparecer-me. E penso que o ponto-chave sobre a iniciação é que “sobrevivendo” a uma iniciação aprendemos a viver.
Continuamos a testemunhar a intensa jornada que muitas pessoas em todo o mundo estão hoje a experienciar – seja vivendo numa zona de guerra; sendo militares e estando em missão nessas guerras, perseguições políticas e religiosas; lidando com as alterações climáticas, as doenças físicas, uma variedade de questões emocionais e mentais, etc.
Tendemos a rotular certas questões, mas acredito que grande parte do que as pessoas estão a viver hoje é uma iniciação para um novo modo de vida.
Enquanto passa pela iniciação, não pode pensar nisso. Não pode, mentalmente, planear como vai andar sobre o fogo. Uma parte sua, invisível, tem de assumir o controlo e carregá-lo nesse momento difícil.
Sim, os nossos espíritos auxiliares e as forças invisíveis podem-nos ajudar. Mas, acima de tudo, devemos aproveitar a força do nosso espírito.
Durante o processo de dissolução é o nosso espírito que continua a brilhar.
Acredito que este é um grande ensinamento do nosso tempo. O ensinamento é tão antigo como a humanidade. Mas é tempo de acordarmos para a força do nosso espírito interior.
Lembro-me que, numa das minhas primeiras viagens xamânicas, em 1980, o meu animal de poder apareceu. Deu-me instruções para não me sentar no escuro. Disse-me para me levantar e pôr um pé à frente do outro. Não se estava a referir a nenhuma situação em específico da minha vida. Estava a partilhar comigo um ensinamento geral.
Este conselho ficou sempre comigo. Porque em cada iniciação não pode parar, sentar-se e recusar-se a movimentar. Numa verdadeira iniciação xamânica, a única maneira de viver é continuar a mover-se guiado pela força do espírito.
Sei que muitos dos que nos leem enfrentam mudanças pessoais e são também tocados por tudo o que testemunham. Acredito que o movimento é a chave para atravessar este problema. Por isso, um dos meus mantras diários é: “a única saída é atravessar”.
Reflita sobre cada iniciação que pode estar a experienciar na sua vida.
A chave é, realmente, desenvolver ferramentas úteis para navegar as ondas da alegria, tal como as ondas turbulentas. As ferramentas que tenho partilhado consigo ao longo dos anos são as mesmas que utilizo para navegar nas ondas negras. Comprometo-me a continuar em movimento e a fluir com as fases da vida. Sou compassiva comigo e não me julgo por nada do que estou a experienciar. Mas continuo a avançar, mesmo que só consiga dar um passo de bebé.
Tanto o meu pai como a minha mãe foram poderosos modelos que me mostraram como avançar no meio dos desafios. Mas a minha mãe mostrou-me como continuar a mover-me não apenas para sobreviver, mas para prosperar. Assisti à dedicação da minha mãe em prosperar a um nível psico-espiritual, mesmo apesar dos desafios que teve na vida. Nunca falámos sobre isso. Mas aprendi bastante só de observá-la.
Tudo na Natureza está em constante mudança e movimento. E todos os seres vivos crescem em direção à luz e absorvem o que precisam para prosperar. Somos parte da Natureza, não estamos separados dela.
Neste mês, continue a cultivar uma paisagem interior rica, como o tenho inspirado a fazer. Quando o faz, entra numa nova e bonita dimensão da realidade. A porta para esta bonita dimensão reside no nosso mundo interior.
Primeiro, tem de se amar e honrar o suficiente para querer fazer o mundo interior funcionar. Vá até ao seu jardim interior e limpe-o. Arranque as plantas e as raízes velhas que já não servem o seu bem-estar.
Experimente, realmente, cuidar do seu solo interior para que, quando passar os seus dedos por ele, sentir a humidade e o sentir fértil ao toque. Cheire a frescura e a fertilidade do seu solo interior.
E depois, com carinho, plante as sementes que gostava de ver crescer.
Lembre-se de deixar espaço para que algumas plantas selvagens também cresçam.
No jardim da minha casa há centenas destas plantas selvagens que crescem pela primeira vez. Não sei o nome delas. Quando as pessoas nos visitam, vejo-as a olharem para o jardim e depois olham para mim. Consigo-as ouvir a pensar por que razão não tiro as ervas daninhas do jardim.
Não as tiro por várias razões. Uma delas é que são tão verdes e fortes. E no deserto parece-me um crime arrancar plantas verdes e fortes.
Também porque as flores floriram em Agosto. E o meu jardim parece tão vivo com estas vibrantes flores amarelas a florir por todo o lado. Se eu arrancasse estas plantas, teria perdido toda esta beleza.
Às vezes tentamos domesticar demasiado os nossos jardins interiores e exteriores. É bom deixar espaço para que as plantas selvagens cresçam. Nunca se sabe que beleza poderá crescer e florescer na sua vida.
Isis partilhou comigo que é muito importante focarmo-nos no templo do nosso espírito. E claro que o templo do nosso espírito é o corpo. Significa que o seu corpo e templo são chão sagrado. Ninguém quer destruir um chão sagrado.
Esta afirmação vai mais fundo quando pensamos na sacralidade de toda a vida. Tudo o que está vivo é chão sagrado e toda a vida deve ser honrada e respeitada.
Continue a construir um templo interior forte.
Absorva a luz e o poder da sua luz divina e a luz da vida nas suas células. Faça-o diariamente!
Experimente o que se sente ao ser iluminado por dentro.
Repare como se sente fisicamente e a sensação de paz interior. Repare se sente uma diferença na sua vibração à medida que faz este exercício.
A lua cheia é a 8 de Setembro. Muitos de nós querem estar ao serviço neste tempo de transformação no planeta. Esquecemo-nos que há práticas espirituais nas quais nos podemos envolver para fazer a diferença.
Se tem um tambor ou uma maraca, pode usá-los. Irão ajudá-lo a sair de um estado egoico de separação e a encontrar o seu centro para que se possa focar no seu trabalho espiritual.
Foque-se na sua intenção de ser uma luz no mundo. E na lua cheia deixe ir o seu estado de consciência que o mantém separado da sua luz divina interior. Viaje profundamente dentro de si e experiencie a sua verdadeira natureza espiritual, que é luz. Experimente unidade com a Fonte e com toda a teia de luz. Irradie a sua luz e deixe-a fluir e crescer exponencialmente para que se junte à luz da nossa comunidade global. Imagine essa luz a viajar dentro e através da terra, criando uma teia de luz radiante.
Se é um novo leitor de Notícias de Transmutação, por favor leia “Creating A Human Web of Light” na página principal para ter mais instruções para a nossa cerimónia da lua cheia.
O equinócio é a 22 de Setembro. Entramos no Outono no Hemisfério Norte e na Primavera no Hemisfério Sul.
Penso que, ao celebrarmos a mudança de estação, muitas vezes percebemos que um dia estamos numa estação e depois o calendário dá-nos a data para entrarmos numa nova estação.
As estações escoam umas nas outras. Há uma transição suave à medida que a mudança de uma estação de vida passa para a próxima.
Repare nas mudanças subtis que acontecem onde vive e que lhe dão sinais de como a mudança está a acontecer. Repare na mudança de temperatura, como o ar se move, a vida das plantas, a vida animal e como os pássaros da sua área começam a migrar. Sinta a diferença na textura da terra. Ponha os pés na terra pelo menos 10 a 15 minutos por dia e sinta através deles uma mudança no movimento, humidade ou vibração. Repare na mudança das cores e na fragrância do ar.
As mudanças não acontecem simplesmente. Há um fluir para toda a mudança. Apenas não damos atenção aos sinais de como os ciclos fluem um no outro. Tendemos a pensar e a perceber as coisas de forma linear, em vez de forma circular como a terra nos ensina.
No equinócio, demore-se a apreciar o fluir das estações e dos ciclos de vida. No Hemisfério Norte é tempo de nos rendermos e deixarmos ir o que precisa de ser libertado para a terra, dando tempo à vida de descansar depois da estação de crescimento que é o Verão. E no hemisfério Sul há excitação pelo nascimento do novo depois de um longo processo de gestação que é o Inverno.
Neste equinócio vamos, juntos, honrar a terra e toda a vida, agradecer pela nossa vida. Encontre algum tempo para mergulhar dentro de si e experienciar o fluir da mudança a acontecer. Experimente como cada estação flui na outra também dentro de si.
Dediquemos algum tempo a reconhecer os nossos próprios dons interiores e as nossas forças, assim como as dos nossos entes queridos, dos outros à nossa volta e de todos na nossa comunidade global e na vida em geral. Quando percebemos os dons e as forças de todos e de cada um dos seres vivos, então honramos a vida verdadeiramente.
Desejo-vos um excelente outono e primavera!